Já existem recursos disponíveis para comprar equipamentos eletrônicos para 60% dos presos que hoje cumprem pena no regime semiaberto |
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Fernando Duarte
Da Redação
Mato Grosso tem condição de monitorar 60% dos presos do regime semiaberto pelo sistema de rastreamento eletrônico de pulseira e tornozeleira. Os recursos disponíveis podem alcançar em torno de 1 mil dos 1.669 detentos neste regime. O projeto de lei (PL) do senador Magno Malta (PR-ES), que autoriza este monitoramento, já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e aguarda agora apenas sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Diógenes Curado, o projeto está com a licitação pronta, sendo que o valor de cada rastreador será de R$ 500 por preso ao mês. Nos cálculos atuais, um detento custa aos cofres públicos R$ 1,3 mil ao mês. "Já fizemos alguns testes. Se a pessoa sair do município a sua localização será acusada".
Além da localização, o sistema aponta também a distância da penitenciária e o horário da movimentação, já que ele usa o aparelho 24 horas por dia. O detento será obrigado a repassar o endereço da família visitada e, à noite, fica proibido de frequentar bares, casas noturnas ou estabelecimentos similares.
Na aprovação do projeto nesta semana, o relator do PL na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Demóstenes Torres (DEM-GO), defendeu que não há nenhuma ofensa ao princípio do respeito à integridade física e moral do preso na utilização dos instrumentos eletrônicos. O dispositivo pode dar a concessão de benefícios penais aos condenados (como é o caso do regime aberto e semiaberto); o livramento ou suspensão da condicional; saídas temporárias e até ser utilizado no regime fechado, quando o juiz entender necessário.
O projeto será de grande valia para Mato Grosso que não possui locais adequados para o regime semiaberto. Segundo a Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84), para ser efetivamente considerado semiaberto, o detento deve não apenas dormir, mas trabalhar no local. No Estado, o lugar com estrutura próxima a essas características é a Colônia Penal Agrícola das Palmeiras (90 km ao sul de Cuiabá), onde conta com atividades como produção de mudas, coleta de sementes e plantio.
Curado lembrou ainda que o projeto não se limitaria apenas ao pedófilo, mas às pessoas presas por crimes de tamanho impacto à sociedade. A proposta original foi defendida pelo senador Magno Malta (também presidente da CPI da Pedofilia) para rastrear homens e mulheres presas por abuso sexual a crianças e adolescente.
Na opinião de Malta, os pedófilos não conseguem se regenerar, ou seja, eles cometem o crime quantas vezes tiver oportunidade. "Se tivesse essa pulseira, Kaytto não seria a próxima vítima. Ele (Edson Alves Delfino) já tinha feito o crime antes e cometeu de novo", disse o senador se referindo a violência sexual e assassinato de Anderson Costa da Silva, 10, em Primavera do Leste (231 km ao sul de Cuiabá). Ele esteve em Cuiabá para participar de um seminário sobre o tema.
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